Menos ultraprocessados e mais comida de verdade: a nova fase da alimentação escolar no Brasil

A alimentação escolar tem um impacto profundo no desenvolvimento das crianças e adolescentes brasileiros. Para muitos estudantes da rede pública, a merenda é a principal ou até única refeição nutritiva do dia, tornando essencial que o cardápio ofereça alimentos saudáveis e equilibrados.

Com isso em mente, o presidente Lula anunciou uma importante mudança para 2025: a redução do limite de alimentos processados e ultraprocessados na merenda escolar de 20% para 15%, com a meta de chegar a 10% em 2026.

Essa medida busca garantir refeições mais saudáveis para milhões de estudantes, fortalecendo o papel da alimentação escolar como ferramenta de nutrição e educação alimentar.

Mas o que essa mudança representa na prática? Como ela pode impactar a saúde dos alunos e a produção de alimentos no país? Vamos entender melhor essa decisão e suas implicações.


Por que reduzir os ultraprocessados na alimentação escolar?

Os alimentos ultraprocessados, como biscoitos recheados, salgadinhos, embutidos e bebidas açucaradas, são formulados com ingredientes artificiais e altas quantidades de açúcar, sódio e gorduras ruins. Seu consumo excessivo está diretamente relacionado ao aumento de doenças como obesidade infantil, diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares.

Ao reduzir a presença desses produtos no cardápio escolar, o Governo Federal pretende:

Melhorar a qualidade nutricional das refeições, garantindo mais alimentos naturais e minimamente processados.
Criar hábitos alimentares saudáveis desde cedo, influenciando as escolhas alimentares ao longo da vida.
Diminuir a exposição dos alunos a ingredientes prejudiciais, reduzindo riscos de doenças crônicas no futuro.

Além disso, essa medida não afeta apenas os estudantes, mas também impacta agricultores familiares, nutricionistas, merendeiras e toda a cadeia produtiva da alimentação escolar.


O impacto da medida: 40 milhões de alunos beneficiados

A iniciativa do governo federal atingirá cerca de 40 milhões de alunos em quase 150 mil escolas públicas, que servem aproximadamente 10 bilhões de refeições por ano. Essa escala gigantesca mostra o poder da merenda escolar em transformar a alimentação de milhões de crianças e adolescentes.

O orçamento do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) em 2024 é de R$ 5,3 bilhões, e uma parte significativa desse valor já é destinada à compra de produtos da agricultura familiar. Com a nova medida, esse percentual tende a aumentar, fortalecendo ainda mais a economia dos pequenos produtores.

A mudança será oficializada por meio da alteração da Resolução nº 6/2020, dando prioridade à compra de alimentos de assentamentos de reforma agrária, comunidades indígenas, quilombolas e grupos de mulheres agricultoras. Essa decisão vai além da alimentação, pois estimula a produção de alimentos sustentáveis e fortalece a economia local.


O papel da agricultura familiar na alimentação escolar

Uma das grandes mudanças trazidas por essa nova fase do Pnae é o incentivo à compra de alimentos da agricultura familiar.

Hoje, pelo menos 30% dos alimentos adquiridos para a merenda devem vir da agricultura familiar. Esse percentual tende a crescer à medida que os ultraprocessados forem sendo substituídos por alimentos frescos e naturais.

🔹 O que isso significa?

  • Mais alimentos naturais no prato dos estudantes, como frutas, legumes, verduras, feijão e cereais integrais.
  • Fortalecimento da produção local, garantindo renda para pequenos produtores.
  • Maior diversidade de alimentos, trazendo pratos regionais e respeitando a cultura alimentar de cada comunidade.

Dessa forma, a alimentação escolar se torna mais saudável, sustentável e conectada à realidade da produção nacional.


Capacitação de merendeiras e nutricionistas: o Projeto Alimentação Nota 10

Além da mudança no cardápio, o governo também lançou o Projeto Alimentação Nota 10, que busca qualificar merendeiras e nutricionistas que atuam na rede pública.

Essa iniciativa contará com um investimento de R$ 4,7 milhões, resultado de uma parceria entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Itaipu Binacional, Instituto Federal do Sul de Minas (IFSULDEMINAS) e Fadema. O objetivo é capacitar mais de 4.500 nutricionistas e garantir que as boas práticas de segurança alimentar e nutricional sejam aplicadas nas escolas.

O trabalho das merendeiras é essencial para a qualidade da alimentação escolar. Muitas vezes, com poucos recursos, elas são responsáveis por transformar os ingredientes disponíveis em refeições saborosas e nutritivas. Com capacitação e valorização, elas poderão desempenhar esse papel de forma ainda mais eficiente.


O Encontro Nacional do Pnae e a construção de políticas públicas duradouras

Outro marco importante dessa nova fase da alimentação escolar foi o Encontro Nacional do Pnae, promovido pelo FNDE. O evento reuniu especialistas, nutricionistas, gestores públicos e representantes da agricultura familiar para discutir os desafios e avanços da alimentação nas escolas.

A meta é ampliar cada vez mais a participação da agricultura familiar e fortalecer políticas que garantam alimentação de qualidade, respeitando a diversidade alimentar do país.


Reflexão: uma mudança necessária, mas que precisa de apoio e fiscalização

A decisão de reduzir os ultraprocessados e ampliar a oferta de comida de verdade na merenda escolar é um passo importante para a saúde das crianças brasileiras. Estudos mostram que os hábitos alimentares formados na infância tendem a se perpetuar ao longo da vida. Assim, garantir que os alunos tenham acesso a refeições saudáveis pode impactar positivamente sua saúde por décadas.

No entanto, para que essa mudança realmente funcione na prática, é fundamental que:

✔️ Os municípios recebam apoio técnico e financeiro para fazer a transição de maneira eficaz.
✔️ Haja fiscalização para garantir que os alimentos adquiridos sejam realmente saudáveis e de qualidade.
✔️ Merendeiras e nutricionistas tenham condições adequadas de trabalho, para preparar as refeições de forma segura e nutritiva.
✔️ A comunidade escolar seja envolvida nesse processo, para que pais, alunos e professores entendam a importância da alimentação saudável.

Ainda há desafios, como a logística de distribuição dos alimentos frescos, a resistência de alguns setores da indústria e a necessidade de garantir que as escolas tenham infraestrutura adequada para armazenar e preparar os alimentos da melhor forma.

Mas o fato é que essa política coloca a alimentação saudável no centro do debate público, mostrando que a merenda escolar pode ser mais do que uma refeição – pode ser um caminho para um futuro mais saudável, sustentável e justo.


O que você acha dessa mudança na alimentação escolar? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe sua opinião sobre o impacto dessa medida na saúde e no futuro das crianças brasileiras! 🥦🍎

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